Educação! É hora de ACORDAR!!!

'Educar' do latim educare, por sua vez ligado a educere, verbo composto do prefixo ex (fora) + ducere (conduzir, levar), que significa literalmente 'conduzir para fora', ou seja, preparar o indivíduo para o mundo.

despertador Tal conceito, deturpado nos dias atuais, sugeriria que o sujeito fosse preparado para o mundo e para tal, deveria tornar-se um bom homem, ou uma boa mulher.

Qual deveria ser a formação adequada para formar um cidadão de bem, justo e, acima de tudo, feliz?

Ora, este deveria em primeiro lugar conhecer a si mesmo, entender suas necessidades, seus desejos, seus impulsos, suas limitações, sua fortaleza, etc. No entanto, observamos que a preparação proposta no atual modelo educacional é meramente informativa e não formativa. Não dá forma ao aluno, apenas o prepara para um futuro mercado de trabalho.

Reflexo de uma catastrófica sociedade consumista, o ideal de um homem feliz é deixado de lado pelo bem do sistema, pela manutenção desta estrutura. O trabalho desses homens e mulheres é mais importante do que sua individualidade, sua felicidade.

Aluno, do latim alumnus, significa, dentre outras idéias: criança de peito (isto é, que mama na mãe), lactente, menino, e representa essa sede que a criança tem pelas coisas, sua curiosidade pelo mundo que a cerca. Dos olhos de um jovem emanam o brilho do amor pelo saber, sua necessidade de conhecer e este conhecimento deve ser alimentado com doçura, com amor.

Longe disso está a Educação, pois como já vimos antes, trata essas questões com um objetivo formativo e, além deste terrível engano, o faz de maneira errada.

A proposta dos inumeráveis cursos de formação, sejam eles básicos, superiores ou profissionais, tratam apenas da troca de informação, num modelo verticalizado de ensino, onde o professor está apenas mais bem informado e teve mais experiências que seus alunos.

Neste modelo não há o vínculo apropriado entre quem aprende e quem ensina, pois ambos estão na mesma situação, ainda que um tenha maior bagagem que o outro.

A educação é uma espécie de despertar, pois essa condução rumo ao mundo exterior nada mais é do que o despertar da alma para a vida em si. O homem carrega em si mesmo as resposta que procura e seu instrutor, que deve ser seu mestre, seu modelo, serve de ponte para estas descobertas. Aquele que aprende, através de disciplina e obediência, trilha seus próprios caminhos, rumo a si mesmo, e uma vez desperto, poder encarar o mundo de frente, sabendo seu papel, cumprindo seu dever.

Platão nos conta que um pastor de nome “Er”, da região da Panfília, morreu e foi levado para o reino dos mortos, lá chegando, encontra as almas dos heróis gregos, de governantes, de artistas, de seus antepassados e amigos. Ali, as almas contemplam a verdade e possuem o conhecimento verdadeiro.

Er aprende que todas as almas renascem em outras vidas, para se purificarem de seus erros passados, até que não precisem voltar à Terra, permanecendo na eternidade. Porém, antes de voltar ao nosso mundo, as almas podem escolher a nova vida que terão. Algumas escolhem a vida de rei, outras a de guerreiro, outras a de comerciante rico, outras a de artista, outras a de sábio.

O Rio Lethe No caminho de retorno à Terra, as almas atravessam uma grande planície por onde corre um rio, o Lethé – que em grego quer dizer esquecimento – e bebem suas águas.

As que bebem muito esquecem toda a verdade que contemplaram. As que bebem pouco, quase não se esquecem do que conheceram. As que escolheram vida de rei, de guerreiro ou de comerciante rico, são as que mais bebem das águas do esquecimento. As que escolheram a sabedoria são as que menos bebem.

Assim, as primeiras dificilmente se lembrarão, na nova vida, da verdade que conheceram, enquanto as outras serão capazes de lembrar e ter sabedoria, usando a razão, seguindo a voz do coração.

Esta pequena fábula nos diz muito do que Platão pensava sobre essa centelha que temos dentro de cada um de nós e que adormece profundamente. Apenas um verdadeiro mestre pode despertar nossas almas para podermos lembrar toda verdade que já sabemos e não temos acesso.

Isso nos dá o verdadeiro sentido para educação, esta condução para fora, este despertar mágico de todas as nossas potencialidades.