A ALMA DA MULHER - Delia Steinberg Guzmán

Alma de Mulher Aproveitando que o Discos Comentados desta semana tratou de assunto tão belo, e que amanhã é dia de lembrar nossas tão queridas Mamães, segue um texto muito profundo e acalentador sobre a alma feminina. Talvez essa seja a resposta que Tom Zé buscava em seu disco/opereta Estudando o Pagode.

Acompanhem e tenham um bom domingo repleto de aconchego materno.

A ALMA DA MULHER

Queremos fazer uma interessante e profunda reflexão que, como pequenas pinceladas, nos permita conhecer, compreender e valorizar o mundo feminino.

Vivemos uma grande luta de reivindicações para que as mulheres possam ocupar um lugar digno na sociedade. Mas, se a mulher tem que conquistar um papel na sociedade, é simplesmente uma conquista ou uma reconquista?

Basta um olhar na História para vermos que em todos os momentos houve exemplos de mulheres extraordinárias que, além das circunstâncias, demonstraram um valor incalculável, uma grande integridade e capacidade para se destacar e ocupar páginas importantes na História. Nas civilizações matriarcais, a mulher era o centro da vida e cuidava para que todos ficassem unidos. Talvez isso tenha se perdido.

Nos últimos tempos, tem-se insistido no aspecto negativo do feminino: reafirma-se que a mulher é passiva, pouco criativa, demasiado sensível, emotiva e instável. Do ponto de vista religioso, é colocada como símbolo do mal. Tudo isso tem levado a mulher a duvidar de sua própria identidade. Por isso, encontrando-se em inferioridade de condições, decidiu competir com o homem. Começou uma longa luta, não para reconquistar seus próprios valores, mas sim para competir com o homem na sociedade.

Porém, a verdadeira conquista da mulher reside em descobrir sua própria alma.

Creio que na alma de toda mulher exista algo de homem, e na alma de todo homem exista algo de mulher. Em linhas gerais, a alma do homem busca o reconhecimento, o desenvolvimento, a expansão das coisas, a mulher busca conservá-las, assentá-las, guardá-las. Seria estupendo poder conjugar a alma do homem e da mulher, porque então teríamos ação e introspecção, crescimento e cuidado com que cresce.

Todavia, não se tem buscado essa conjunção, eliminando a competição para chegar a um acordo, para compreender que homens e mulheres são absolutamente necessários porque ambos fazem parte da Humanidade. A mulher não deveria tentar ser como os homens, pois não é preciso ser um homem para ser herói, nem para ser grande. Primeiro, é preciso aceitar a si mesmo. Se não encontrou sua identidade, o primeiro passo é buscá-la e para encontrar a si mesmo é necessário realizar uma viagem interior.

O que é a alma da mulher? Em que consiste essa alma, o que deve conquistar para recuperar seu verdadeiro papel, não somente na sociedade, mas também na História?

Quase todas as antigas civilizações, descrevem a alma da mulher com quatro características perfeitamente válidas para o momento atual: pode-se falar da alma da mulher como vida, como energia, como amor e sabedoria. Com essas quatro características, que são suas verdadeiras armas, a mulher é a heroína ideal para realizar sua batalha.

  • A alma da mulher é vida em todos os sentidos, não só porque pode dar à luz um corpo, mas porque pode dar vida a uma alma, a uma sociedade e a uma civilização.
  • Necessita insuflar essa vida com sua particular forma de energia. Tal energia não é muito impulsiva, e sim, mais resistente, constante, tem uma enorme resistência psicológica, essa é sua energia, que pode transmitir em forma de serenidade, de força diante das dificuldades e da dor.
  • A mulher é amor. A mulher faz do amor a sua Vida, ainda que o homem inclua o amor em sua vida. Quando seu amor é profundo, é grande a capacidade de união, é o fogo do lar, do centro da terra e do centro do templo. A mulher une, tem a capacidade de coesionar, de conciliar pessoas e almas. Seu amor é uma grande generosidade, assim como a capacidade de perceber a harmonia e lutar pela justiça.
  • Por isso a mulher também é sabedoria, com uma mente prática e ordenada, mas com o discernimento que a caracteriza. E, sobretudo, tem uma grande força que não deve esquecer jamais: sua intuição, que antecipa coisas e as pressente com enorme habilidade: esta é sua força e sua sabedoria.

Chegou o momento da mulher se sentir novamente protagonista de sua vida, que possui forças e capacidades para fazer muitas coisas por si mesma, com suas próprias características. Se a mulher sabe dar vida e energia, então será verdadeiramente protagonista, e em vez de esperar dia 8 de março, haverá todos os dias um  lugar para a mulher, para que possa viver em harmonia com o homem.

Então, será possível fazer um Dia Internacional da Humanidade em que desfrutemos dessa paz e serenidade que conquistaremos, sempre e quando, conquistarmos antes a alma da mulher, e porque não, a alma do homem.

Delia Steinberg Guzmán, filósofa humanista, Diretora Internacional da NOVA ACRÓPOLE. (resumo adaptado)